Lembranças em fragmentos
Ela dissera que não era para gastar a minha expectativa toda numa ilusão
E eu disse:
—como não? não sei se vou encontrar você de novo!
Então afirmou ela que:
—Eu irei te encontrar, irei sentir saudades de você, vou tentar te achar
—mas como? Redarguiu eu. Como irei saber a hora certa? Como? Me diz? aos poucos vejo uma parte de você indo embora, como um vento forte arrastando todos os dias a folhagem de uma árvore, até o ponto de lhe restarem só os galhos secos
—Assim és tu que, com o vento do esquecimento, estas a se decompor de fragmento em fragmento
E depois que, te me levarem os seus olhos embora, então restaras na minha imaginação apenas a sua boca, que nada mais és do que as últimas lembranças recônditas do meu coração, imprimirei-lhe então, o último beijo advindo do toque de nossos lábios
E depois não sobrará mais nada, apenas os meus desejos na solidão a lamentar-se com sofreguidão, pois as emoções há muito tempo já lançou-se ao mar do esquecimento!