Moça

Cai o verbo na alvura do papel,

Véu que o vento dança,

Querendo de ti ver o rosto,

E neste tentar de vento e véu

Completa contigo a dança

E cá eu debruço verso...

Moça...

Nem as cordas mais felizes de um violão,

Que na alegria mais profunda tente...

O que somente os olhos revelam...

O violão sente, nesta loucura,

De cordas e canção,

Dizer tudo que não consegue...

Moça...

Descrever teus traços,

Riscos, linhas, que não há de mim verbo.

Apenas intento, no macular tua beleza,

Serena e solitária estrela matinal,

Sol de um despertar querido,

E cá eu nos sonhos luto e vibro...

Linhas nuas dos verbos sentidos...

Moça...

Que na reverencia cala o vento,

Ajoelha-se o tempo e serena o mar,

Sorri alva, a duna, macia e nua...

Eu de tudo emudeço,

Quero gravar na alma,

Tom, canção e voz...

Da voz que emana dos lábios teus...

Tento, apenas tento não roubar-te beijos...

Moça...

Darioneto
Enviado por Darioneto em 08/06/2020
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