Moça
Cai o verbo na alvura do papel,
Véu que o vento dança,
Querendo de ti ver o rosto,
E neste tentar de vento e véu
Completa contigo a dança
E cá eu debruço verso...
Moça...
Nem as cordas mais felizes de um violão,
Que na alegria mais profunda tente...
O que somente os olhos revelam...
O violão sente, nesta loucura,
De cordas e canção,
Dizer tudo que não consegue...
Moça...
Descrever teus traços,
Riscos, linhas, que não há de mim verbo.
Apenas intento, no macular tua beleza,
Serena e solitária estrela matinal,
Sol de um despertar querido,
E cá eu nos sonhos luto e vibro...
Linhas nuas dos verbos sentidos...
Moça...
Que na reverencia cala o vento,
Ajoelha-se o tempo e serena o mar,
Sorri alva, a duna, macia e nua...
Eu de tudo emudeço,
Quero gravar na alma,
Tom, canção e voz...
Da voz que emana dos lábios teus...
Tento, apenas tento não roubar-te beijos...
Moça...