Olhos
Um olho margeia
Os sinos dos tempos
As gotas que clareiam
A imensidão de um olhar.
Um olho tímido
Persegue a cor
Dos timbres similares
Dos tons da tua voz
Que parecem saltar
Do vento
Do tempo
Do momento
Em que me lembrei de te lembrar
Se propuseram um altar
Na cabeça de quem sonha
Com olhos que matam a sede.
Uma boca
Ardente e pulsante
Molha os sentidos dos olhos
Que enxergam a tua boca
Como um rio a navegar
Os lábios e as flores
Um ríspido desgaste
As gotas finas
Da fina camada penetrativa
Da boca a vida
Louca
Sentida.
Os teus peitos
Solenes
Firmes
Dóceis
Doces a apertar
Os olhos fixos
Fixos focos
Estreitos
Os caminhos.
As pernas
Apertam
Os dedos surgem
Em meio ao caos
Dos gritos
Dos frutos proibidos
Urgem
Os sentidos ocultos.
E quando te encontro
Os olhos
Tontos
Deito e redobra
A saudade em delírios prontos.