Calados… Seguimos calados…
Evitamos tocar no assunto.
Tememos o desencanto…
Não é justo quebrar a magia das noites
guardadas em nossos corações solitários.
Derrubamos os muros do medo que nos separavam,
plantamos flores nos jardins, cultivamos um amor inventado,
regado pelas lágrimas de dor na longa espera.
É isso que nos protege e nos acolhe nas madrugadas insones,
não importa se é mentira ou verdade ainda estamos vivos,
nosso sangue corre quente por debaixo da pele eriçada,
suores que molham nossas bocas e sufocam as
palavras amarrotadas do passado.
Agora somos amados,
corpos refugiados em mãos de cansaço e doçura.
Em pernas de caminhadas e procuras,
velhos amigos que se entregam buscando a juventude das águas,
o viço das manhãs que escorre pelos vitrais dos sonhos vividos.
Quando a lua parte silenciosa:
Cada um segue seu caminho.
Mundos à parte entre tanta gente… Ambos sozinhos…
Calados… Seguimos calados…
(Cida Vieira)