É tão difícil entender teus pensamentos,
Andar sobre teus momentos,
E despertar com as luas,
Enquanto me trazes formas de versar.
Com tanta água jorrando,
De uma doce cachoeira,
Dentro de alguma gruta,
O verdadeiro lugar.
Banho-me sem demora,
Da fonte de todas as prosas,
Tentando dela embriagar,
Do tempo que aflora.
Depois dos anos,
Sou ainda encantado,
Com a beleza de teus passos,
E o rastro que deixas no ar.
Um perfume de campo!
Mesmo não sendo quem és,
Ou quem venho a pensar,
Mas em mim, sempre estarás.
Meu poema eterno!
O segredo das manhãs,
Do cálice antigo,
Contendo minha pobre alma.
Então, me surpreendes,
Devoras-me por um segundo e,
Não falamos absolutamente nada,
Quando percebo, somes.
O resto do templo,
O santuário da natureza,
Vai ficando inabitada,
Sem surgir a dança de teu manto.
E o véu que cobre os olhos,
No qual não mostra a face,
Nem ao menos o sabor,
Dos lábios nus da posteridade.
Por Ricardo Oliveira - 06/06/2020