Cotidiano




Mais um dia vencido,
mais um degrau edificado pela saudade.
Nasce um poema,
nasce o ocaso triste,
aflora a louca vontade
de tentar no que não existe,
vê-la por mais uma vez.
Vê-la nas tardes, pelas noites,
acariciar seu dormitar,
beijando-a pelas manhãs.
Nada pára,
aqui tudo se separa.
As linhas não se cruzam,
são paralelas;
iremos lado a lado,
pelos caminhos,
seus traços,
reconhecendo que um passado existe,
que fomos o que fomos,
e se não somos,
a vida assim nos fez.
Nasce um poema, enquanto já é noite;
o baile das luzes,
as mãos se encontram,
as bocas, se calam ao beijo,
os corpos, se colam ao amor.
E eu me calo em mais um dia vencido.