AS VEZES ACONTECE
(Sócrates Di Lima)
Urge que a solidão tem duração,
Permanece enquanto a vontade exige,
A teimosia é uma contravenção,
Um ato nefasto que o temo corrige.
E quando eu dizia não,
Queria disfarçadamente dizer sim,
Mas meu pobre e cansado coração,
Se chacoalhava dentro de mim.
E a vida mostrava diferente,
Pois alguém se aproximou de mim,
Minha resistência foi transigente,
Preferia ficar sozinho, enfim!
E este alguém que veio se achegando,
Como quem nada quisesse,
Apenas momentos era o que ia oferecendo,
E eu aceitei sem que me comprometesse.
As vezes acontece, e o tempo é o senhor das soluções,
Coloca as coisas nos seus devidos lugares,
Deixa de ser apenas razoáveis razões,
E as emoções se encarregam de unir os pares.
Hoje sei que estou plugado nas suas vontades,
Você diz que me ama e eu resisti ao contrário,
Fingia apenas gostar antes de sentir esta saudade,
Que vai se multiplicando no meu calendário.
Passei então a sentir algo além de um simples gostar,
Diante de tantos carinhos, cuidados e atenção,
Se estes atos se unem a amplitude do amar,
Creio ama-la de verdade com toda minha devoção.
Então, Maria, acredite nesta poética declaração,
Fui resistente sim, fugi, fingi uma outra situação também,
Mas na verdade, posso lhe dizer em clara verbalização,
Continue a me amar, pois já estou lhe amando meu bem.