ET COR MEUM VIGILAT

Eu durmo e meu coração vela

Em longas e intermináveis noites,

Acordada, minha alma ansiosa espera.

São pertinácias as dores de cada um dos açoites

Causados pela demora da provável chegada

Da linda rosa perfumada, lançada

No vão da minha janela

Rosa desejada de um outro coração

Que geme que chora de amores por ela

Fez se ele o seu próprio guardião,

Fez se ela das flores, a mais bela!

Sensível o seu falar, terno o seu ouvir

Difícil é a vigília dolorosa, imposta

De nunca poder guardá-la

Nesse coração aqui.

Eu durmo e meu coração vela,

Ainda que você donzela nunca me atire uma flor

Serei um tolo mentecapto sempre a tua espera

De Portugal, rosas azuis, brancas ou amarelas

E em meio a essa aquarela,

Uma rosa com amor

Rosa pra que te espero?

Se o guardião a tem presa em seu castelo

Seu o teu coração é o martelo

Que esmiúça os sonhos que na vida eu anelo.