ESTRANHEZAS DE VIVER

De que somos feitos?

Às vezes somos de vidro, transparentes límpidos.

E também de pedra, nada manifestamos sobre o que desatinar a doer, nos roubando a razão da circunstância em que a vida nos lança, e estar tudo muito bem.

Seriamos compostos também de água, tudo circunda e nada nos toca ou dói. Acostumados a viver de forma liquida na incapacidade de desenvolver a nossa forma natural.

Ou ainda de areia, juntado de minúsculos grãos que basta um insignificante atrito, para ralar e passar a doer.

Somos de um tempo, um momento cheio de dodóis entre a vida e a morte, mais também convalescentes nessa grande aventura cheia de estranhas surpresas que se chama viver.

Conceição Pearce