Amor em delícias
Beija-me com os beijos da tus boca;
Porque melhor é o seu amor do que o vinho.
Se tu não o sabes, ó mais formosa entre as mulheres,
Agradáveis são as tuas faces entre os teus enfeites,
E o teu pescoço com colares.
Eis que és formosa, amiga minha, és que és formosa.
Os teus olhos são como os das pombas entre as tuas tranças, o teu cabelo é como a noite, convidando-me a repousar no teu corpo; os teus dentes iluminam o amanhecer de uma vida que ressuge,
Os teus lábios são como fio de escarlate e o teu falar é doce; o teu pescoço é como a torre de Davi e os teus peitos, são como duas ilhas para o descanso do teu amado.
Que belos são os teus amores, ó esposa minha!
Quanto melhores são os teus amores do que o vinho!
E o aroma dos teus perfumes do que o de todas as especiarias.
Favos de mel mana dos teus lábios, minha esposa!
Mel e leite estão debaixo da tua língua,
e o cheiro das tuas vestes é como os das rosas.
Os teus renovos são pomar com frutos excelentes,
És a fonte dos jardins, manancial das águas vivas.
Levanta-te, e vem tu assoprar no meu jardim,
para que se derrame os teus aromas.
Ah! Se estivesse amada minha no jardim
Para comer os frutos excelentes.
Quão formosa e quão aprazível és, ó amor em delícia!
A tua estatura é semelhante à palmeira,
E os teus peitos, aos cachos de uva, e o teu paladar,
Como o bom vinho.
Põe-me como selo sobre o teu coração,
como selo sobre teus braços, porque o amor é forte
Como a morte, e duro como a sepultura
e o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo.
As muitas águas não poderiam apagar esse amor
Nem os rios afogá-los.
Porque o teu amor é paciente, é benigno; não arde em ciumes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz incovinientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal;
não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade.
A sua mão esquerda esteja debaixo da minha cabeça
E a tua direita me abrace.