Ai, flor, ai, flor vermelha, flor macia,
Ai, flor, ai, flor vermelha, flor macia,
flor do amor:
colhi-te de um jardim, não conhecia
teu rigor.
Pensei que eras pura, uma esplêndida
aventura;
tamanho engano tive, fui levado
à loucura.
Pensei que eras pura, uma esplêndida
aventura;
tamanho engano tive, fui levado
à loucura.
Colhi-te de um jardim desconhecido
da ciência;
a ele não tem mapa, nem estrada,
nem cadência.
Por entre cogumelos te avistei
tão delicada,
pequena e inofensiva, era um dragão,
uma emboscada!
Por entre cogumelos te avistei
tão delicada,
pequena e inofensiva, era um dragão,
uma emboscada!
Colhi-te e pus no peito, na lapela,
junto a mim;
estava tão alegre, recitava
fés sem fim.
Teu cheiro inebriante me chamava
de senhor,
eu era um nobre rei, um lindo artista,
um doutor.
Teu cheiro inebriante me chamava
de senhor,
eu era um nobre rei, um lindo artista,
um doutor.
Então, com violência, uma raiz
no coração
puseste atravessando minha pele,
sem razão!
Meu sangue te tingiu e vi meu pranto
te regar,
roubaste toda luz que Deus me dava
pra cantar.
Meu sangue te tingiu e vi meu pranto
te regar,
roubaste toda luz que Deus me dava
pra cantar.
Agora ando em lamúrias pelas ruas
com a flor;
quem me olha aponta um dedo, uma palavra
sem pudor.
Mas levo a mão ao peito e sinto a flor
pulsar feliz;
a flor tem vida própria; foi correto
o que eu fiz.
Eu levo a mão ao peito e sinto a flor
pulsar feliz;
a flor tem vida própria; foi correto
o que eu fiz.
24/05/2020