Dia do abraço
Sempre pôde ser comemorado, mesmo sem ser lembrado
Hoje, por amostra, só virtual e abstrato
Faz da esperança leito adaptado
Tempos estranhos...
Como desejar um feliz dia do abraço?
Só com a lembrança doce desse vivo laço?
Só com o acalento no peito grafado de abraços passados?
É possível o mesmo calor só de pensar no que liga dois corações por esse atalho?
Tempos estranhos...
Dentro de um abraço
Tanto se encontra, mesmo que não se busque
Agora, forçadamente despendido
Limitado por uma pandemia, em cada braço, retido
Silenciado em si com a ternura mais sólida que aço
É tristemente contido
Lamentavelmente desperdiçado...
E as confortantes batidas de corações em compasso
Hoje só repousam em memórias e vontades
De glórias de encontros de perfeitas metades
Atadas em maravilhosos abraço
Que vençam os tempos estranhos!
Porque assim é o abraço
Justa medida de troca e doação
Sem perdas, perecimento ou subtração
Antídoto, resposta, remédio. Berço.
Acalenta, alimenta, acolhe.
Resignifica. É.
É resposta para os tempos estranhos
Em que pensamentos e gestos tacanhos
Se dissolvem em seus pés, ou melhor, em seus braços.
Por que não abraçamos mais?
Envolvida em nossos braços
Nos nossos abraços
Que a chama da vida se reacenda
Queime o desamor e a ignorância
Desfaça traumas e nós da insignificância
Resgate o melhor de cada peito
Porque o abraço pode ser a melhor parte de nós, fora de nós.
Que nossos braços superem os tempos estranhos, e resgatem a força dos abraços. E que o dia do abraço possa ser todo dia, de novo.