FLOR DE JASMIM
Que saudade, meu amor,/ dos teus tempos de inocência
Em que pensavas que a dor/ Era a razão da existência
E me pensavas teu Senhor/ e tua própria consciência
E me pedias com temor/ Pra eu te dar minha indulgência
Se roubavas, que maldade,/ um beijo de minha mão
Se dançavas, santidade,/ via-te anjo de sedução
Se mentias, vaidade,/ eras só redenção
Se choravas de saudade/ triste mar, tua canção
Hoje, és só prazer, louco sonho, fogo, canto
Teus lábios são poder,/ Teus olhos, falso pranto
Podes,então, tudo comprar/ Homens, mundos sem fim
Só a inocência de volta/ Comprar não podes mais
E me dizes, com revolta:/ “Não a quero, foi demais
Minha dor por te amar,/ foi o que me fez assim”
“Não soubestes cultivar/ o meu amor, flor de jasmim”