Além do tempo
ALEM DO TEMPO
Estava perdida, em meio a tempestade
dá vida, taciturna
Quando vieste até a mim, fantasma
também perdido
Sem corpo, tentando ver seu rosto dar-lhe
forma brilho
Fantasmas aparecem para lembrar algo,
contar, fazer-se descobrir
E revivi, em nós o amor inatingível, de
uma antiga paixão
A ser conhecida contada agora, a registrar
preservar esse amor
Embora não crê-as, já estivemos juntos há
muitas luas atrás
Num amor proibido, entre as montanhas nas
escarpas, na florestas
Nos vimos na fogueira, das oferendas onde se
queimavam as bruxas
Que faziam a poção do amor, que amavam
que faziam amor
E fizeste comigo, em noite enluarada, ao som
do riacho, ao sibilar do vento
Meu fantasma, agora e tu que me matas, me
põe na fogueira
E me abrasa, e me queima, e some nas noites
enluaradas
Deixando-me na tempestade, de paixão ardente
quantas luas
Terão que passar novamente, para o encanto
quebrar a maldição acabar
E definitivamente comigo ficar, concretizando o
nosso amor além dos tempos
ADELE PEREIRA
19/05/20