Quero   que venhas




Venha, há tempo para o amor,
os segundos pararam,
meu peito aguarda em silêncio
suas batidas.
Há tempo, o vento não abrirá as cortinas,
apenas doces lamúrias
hão de evaporar
poluindo o ar com muito amor
que escapou pelas válvulas rompidas.
A noite será traiçoeiramente corrompida,
cúmplice das ânsias,
dos êxtases espalhados,
bem espelhados
por detrás das cortinas.
Há tempo, venha as guerras se foram
nas penúltimas bombas.
Há tempo para o amor,
antes que as últimas bombas
caiam sobre nós, após longo tempo.
Mas, você, ela,
seja lá quem for encoberto pela escuridão
se foi,
sem ao menos perceber os ruídos
que derrubaram para sempre
a vida a última estância
de espera,
de longa e sofrida expectativa
neste combate interior,
minha guerra sem rufar de tambor,
nem bombas, apenas...
apenas, tombos, tropeços
pela estrada, há muito vazia.