Algo mais




Alguma coisa cobriu o céu,
pairou em meus ombros,
velou meus olhos.
Alguma vez com você.
Algo comigo,
faz do amigo
uma retração vaga,
um tanto vulgar,
inexistente, feito sem formas,
sem conquistas.
Alguma coisa fechou o tempo,
o itinerário, as mudanças
presas a fios curtos,
frágeis em abismos.
Quero alguma coisa,
mesmo que seja a chuva
que molhou seu telhado,
escorreu em sua vidraça,
ficou em seu mundo por pouco;
que venha em borrasca,
caia sobre mim,
fale-me você, do seu estado,
das recusas sem causas.
Alguma coisa vedou o sol,
a notícia, a palavra,
a única que se escondeu
sem selar meus ouvidos,
pelo desespero que grita
sem soluções, confuso
pela eternidade que se vai,
no tempo que passa lento.