Libertos


Hás de ouvir a sinfonia
tocando lentamente, anunciando a partida
deste que legou tanto a você
e fugiu sem dar adeus.
Hás de lacrimejar seus olhos
como tantos e muito famintos
que oferecidos vieram,
saíram
sem orgulho de mãos, bocas vazias.
Hás de recusar meus versos;
sem medo fique, são seus... todos,
foi o amor quem os ditou.
Caminharei para longe,
longe das saudades,
das marcas deste lugar
que solidificou meus sentimentos,
quebrando-os em cada esquina,
escurecendo-os em cada entardecer.
Vou sair desta poeira
que polui,
mexe com as razões de ontem,
nas incertezas de hoje.
Hás de ter,
enquanto hei de ser tudo que fui,
terás, mas será que um dia serás?
Só o tempo este vadio,
enganador, poderá revelar.
Mas, sei que hás,
como também sei que hei
de ver frente a frente, um dia,
você, que pensou tudo,
sem querer supor minha presença
tão vadia quanto o tempo
que nos fez tão distantes,
mas sempre amantes...
Da liberdade.