CALMARIA
Nuvens douradas que estão pardacentas
Na tarde que espira em ânsias de morte
E andam correndo do sul para o norte
– Aves migrantes de plumas cinzentas!
Nos raios solares que têm cor de sangue
Filtrado através de nuvens velozes
Julgamos chibatas de frios algozes
Cortando a amplidão do céu quase exangue
E o mar verde puro em calma sublime
Parece uma prece entoada no incenso
Em místico gesto que as almas redime
E vibrando de fé nesse calmo poder
Eu senti genuflexo o amor imenso
Tomar conta de mim e guiar meu Ser!
(Rio Grande-RS, 1947)