INEFÁVEL
Sua voz é um hino, um violino a tocar
O cabelo, um véu cor de noite estrelada
E o olhar, um luar cor de prata a chorar
Com dois sois a boiar na lágrima sagrada!
O nariz revestido de graças divinas
E os lábios vermelhos – corais a sangrar!
Encobrindo colares de pérolas finas
Provocavam desejos de a joia esmagar...
O seio moreno com reflexos de cobre
Era um sonho de amor, desejando ciúmes!
Tão doce, tão meiga, tão bela, tão nobre...
Parecia irradiar estranhíssimo lume...
E a lira incapaz, por tão rude e tão pobre
Quedou-se em discreto e silente queixume...
(Rio Grande-RS, 1946)