INEFÁVEL

Sua voz é um hino, um violino a tocar

O cabelo, um véu cor de noite estrelada

E o olhar, um luar cor de prata a chorar

Com dois sois a boiar na lágrima sagrada!

O nariz revestido de graças divinas

E os lábios vermelhos – corais a sangrar!

Encobrindo colares de pérolas finas

Provocavam desejos de a joia esmagar...

O seio moreno com reflexos de cobre

Era um sonho de amor, desejando ciúmes!

Tão doce, tão meiga, tão bela, tão nobre...

Parecia irradiar estranhíssimo lume...

E a lira incapaz, por tão rude e tão pobre

Quedou-se em discreto e silente queixume...

(Rio Grande-RS, 1946)

Attilio dos Santos Oliveira
Enviado por Attilio dos Santos Oliveira em 15/05/2020
Código do texto: T6948128
Classificação de conteúdo: seguro