Contas e contos


Impossível contar as contas,
as contas que caíram sobre mim,
que rolaram, subiram,
sumiram.
Possível sabê-las,
contá-las
bem poucas,
pousaram,
colhidas pelas mãos do espaço,
acariciadas em seus traços,
entre os rabiscos,
abismos
tão profundos que foram além da vida,
do pensamento,
além da espera que se faria presente,
quando após,
entre nós,
entre a vida seriam abertas as janelas,
nas cortinas da saudade.
Foram duas que nevaram em dezembro
sob o calor e a palidez da solidão.
Minhas contas jogadas
nas jogadas sem defesa,
alheias as tramas,
aos dramas
da derrota tão bem imposta.
Se foram tantas perdidas,
conto as contas
enquanto a vida conta
mais uma pequena ponta,
desta passagem sem razão para contar.