Regresso




Me tens ainda,
apesar da ausência,
posso voltar sempre,
sempre que as coisas se turvarem.
Posso fazer ciúmes nas noites,
amor pela madrugada
e colher flores ao amanhecer.
Ainda me tens, apesar.
Posso matar lentidões dos minutos
enquanto sufocas as tensões,
posso, sei que posso me reter
por longo tempo
e tentar, ao menos tentar,
conter,
deflorar
a virgindade das nossas coisas
ocultas que perambulam
pela mente, nas mãos, para o papel.
Sei que posso,
sempre posso pegar carona
nos raios que passam,
vagueiam pela noite,
chegando a ti,
me retendo por instantes
em algemas.
Ainda me tens,
apesar do tempo
volto, sempre retorno
aos papéis, aos poemas.