Sei que posso




Posso fazer de você uma canção,
um poema no amanhecer,
fazê-la sobre a brisa flutuante
uma espera,
um suspiro para minh’alma errante.
Posso fazer de você uma pintura
sob os azuis da paixão,
dentro das cores que coram minha timidez,
que fazem em minha tez
uma tela emoldurada por sua vontade.
Posso, sei que posso
tê-la pela distância,
nos encontros com a saudade,
nos rabiscos que caem pelas colinas
perdendo-se nas curvas do seu corpo.
Assim comigo, retê-la
nas pautas pelas mãos,
linha após linha desenhada,
transgredindo os apelos, que são tantos
nas buscas que faço
quando me calo,
quando risco o espaço azul
tentando vê-la... O que já não posso.
Mas, eu sei que posso
buscá-la de outras formas,
para cultivar esta semente,
que de repente
é uma a uma as letras que escrevo,
fazendo-a nas páginas tão viva,
tão perto, quanto tudo que posso,
sem que antes o houvesse feito.