Desalinhados




O sol se põe ao encantamento
daquele corpo outrora visto,
tocado,
admirado,
selvagemente dominado
pelos absurdos dos eternos
e furtivos laços,
aos abraços
que seriam as pausas,
os momentos que bailavam
para mim até você.
Foi um sonho,
imaginei um dia
uma hora pelas andanças do tempo,
um a um ao relento
fragmentando o amor,
partilhando tudo
pelo espaço mudo,
da vida cega de paixão,
de corpos pelo chão,
de roupas em desalinho.
São fitos os olhares ao desencontro,
seus azuis pelos castanhos,
nas mãos as dádivas da vinda
de um poema, apenas um poema
sem marcas, sem presas,
incapaz de portar algemas
que transformasse um em um,
pelos dois que fomos
sem finais,
perdidos no mesmo caminho,
soltos quando o sol se pôs,
com cabelos, roupas e palavras
em total desalinho.