Uma palavra a mais


Minhas páginas correm pela noite,
a sombra, sem começo,
sem endereço,
buscam o nada,
lenitivo as desilusões,
de quando se é pequeno
e não se sabe o que existe a frente,
se lá do outro lado da idade
há um perfil descrito de gente.
Minhas páginas sem início,
nem meio... Sem fim,
como tarde que desconheço,
também sem endereço
que transformaram o feliz
na supérflua raiz,
um momento a mais de descuido
nos raios que foram engolidos pela noite,
mesma noite que,
saboreou os despojos que leguei
e filtrou as páginas escritas,
mesmo antes que fossem maculadas
pelo vazio deste pensamento
que se deteriora de instante a instante,
pelas causas da pele,
afinidade da tez
que se diz em amor,
esculpido a pedra,
cravada no peito.