Perda


Apenas uma dança,
seu rosto rolou ao meu,
o calor gelou meu corpo,
éramos nuvens que se deslocavam.
Apenas uma dança
que a memória faz presente
de um tempo, um tempo que vai longe.
Parecia a primeira,
mas, era apenas uma dança,
a última ou penúltima,
que importa?
Foi apenas uma dança
que marcou o compasso estreito
das vielas, o vazio entre nós.
E deslocamos passo a passo,
o giro era um só,
também o salão de teto azul
foi apenas uma dança
e eu dancei ao som das fitas,
nas cores da fita no cabelo,
nas fitas da menina pelo beijo.
Eu dancei a dança de quem sai fora,
no grito já é hora.
Eu dancei quase sem perceber
que era uma festa de despedida,
tipo “Ano Novo”, adeus “Ano Velho”.
Dancei, foi apenas uma dança,
a última, talvez penúltima,
mas, que importa se a vida toda dancei?