Onde




Deve haver céu mais azul que seus olhos,
para que eu, somente eu possa estar,
envolto, solto, brilhando em seus reflexos,
até que venha o ocaso,
e sem ser por acaso
as cores se transferem,
o negro é mais negro,
e haverá céu mais escuro que minha vida,
vazia sem você?
Sem você escureço, sou tempestade,
meu nome é saudade.
Deve haver na prata da lua
um raio, só um raio
para iluminar a nudez sua
e inebriar as festas de amor
com seus eflúvios pelo espaço.
Deve haver no brilho do sol
ouro maior que o dos seus cabelos
que tingem meu rosto em mechas,
enquanto cedem uma fresta para meus olhos,
vadios, andejos, indiscretamente
pousarem em seus seios.
Deveria haver, mas, não há na chuva,
frio maior que sua ausência
que me arrepia, me treme, me parte,
enquanto você se divide.
Deve haver em algum ponto
onde você há de ficar sempre
e que eu feche em hora incerta
sem noites, manhãs ou tardes
eternamente sem mais... Mais saudades.