Hei de ser


Hei de retornar,
fazer das colinas
nas tranças das meninas,
as cirandas que fizemos... Juntos.
Hei de refazer
os poemas, tantos,
nem sei quantos,
queimados pelos olhos azuis
que cedo se foram.
Hei de buscar
nas chuvas que bebemos,
os eflúvios que caíram,
rolaram, rolaram
perenes em nossos corpos,
fizeram o amor e subiram.
Hei de furtar palavras,
furtar o mel da sua boca
e secar o furto farto de dor
que trago no peito.
Hei de pisar em pétalas
colhidas, desfeitas em suas mãos,
pisadas, picadas nas emoções,
nos trechos que vivemos.
Hei de encontrá-las, contas
dos contos azuis relidos,
dos sonhos cedo idos.
Hei, sei que hei de falsificar,
desdobrar vocábulos em você,
roubando de tantos, o dom da poesia
para encurtar nosso encontro,
próximo do início,
no fim da rua chamada vida.