Interior...




Mais um dia molhado na saudade,
na dor do tempo.
A chuva correu mansa,
eu corri rispidamente entre árvores,
no verde sem esperanças
sufocando tantas lembranças,
despedindo dos direitos de sonhar,
de criar fantasias,
colorir o já em cores.
Veio a noite implacável... O medo!
Céptico, impassível, sem vindas,
vi o dia ser despojado das luzes.
Sem razões, nem expectativas fiz trânsito
sem buscas ou rumos, entre paredes,
enquanto o vazio pensamento desejava,
ansiava que hoje, domingo, fosse amanhã,
amanhã dos meus encontros,
das ficções poéticas.
Mas você veio, flutuou neste espaço curto,
exuberante, transbordando ternura.
E mais uma vez me perdi nos mistérios,
na profundidade dos seus olhos,
nos segredos da sua alma
pelas verdades das palavras
que afloraram da sua boca,
fazendo desta chuva que ainda cai,
um doce manto de fé,
neste disfarce de rosto molhado.