O amor do sabiá

Certo dia eu me lembro,

De avistar no céu um sabiá,

Não sabia se de lá vinha,

Ou se ainda ia a algum lugar,

Perguntei se me amparava,

Um pobre apaixonado,

Pois de meu amor não tinhas notícias,

Desde o inverno passado,

Sabiá respondeu cantando,

Disse que um beijo podia levar,

Mas que só voltava com a resposta,

Quando o próximo verão chegar,

Esperei um verão, dois, três,

E quando minha esperança já se ia,

No primeiro raiar de manhã,

Sabia com a resposta retornou,

Trouxe meu beijo de volta,

Disse que meu amor não encontrou,

Mas sabiá não mente nada,

E verdade num canto disparou:

Trouxe teu beijo de volta,

Pois nem sequer o entreguei,

Seu amor é uma flor tão linda,

Que por ela também me apaixonei,

E um conselho sabiá me deu:

Aprendas a voar, mesmo sem ter asas,

E procure nas nuvens por seu amor,

E saberás onde encontrá-la,

Quando tiver notícias de um sabiá,

Que voa alto e radiante junto de uma flor.