CARTAS

mais um marlboro.

sentado à mesa

observo a dama

com um "q" de copas & copos

suas coxas, seus cachos

/eu estava aos seus pés

a um passo de sua boca/

mas aquela baiana me tinha à mão

me chamava de "meu rei";

ah se eu contasse aos céus

ou aos jornais impressos no papel

sobre esse jogo sujo onde a porta

tranca*

as pernas se trocam

os troncos se encontram

e as bocas se tocam

nessa colisão entre palavras &

planeta, meus olhos cometa

percorrem seu corpo celeste;

vamos à marte

cruzar nossos gametas

quero amar-te

até que a morte nos

derrote, nos derreta

& nos mate.

seremos notícia nas gazetas.

vou contar ao mundo que

só há paz na guerra

quando seu vestido cai por terra;

e não queira saber o que diria Ares

sobre as roupas pelos ares

ou o que diria Apolo

sobre o apelo à pele

que abre os póros

arrepia os pelos e

ata os pólos.

mesmo que metesse os pés

pelas mãos

plantaria bananeira

faria das naves aves

das nuvens chão

pois sei que as almas se apartam

quando os corações se apertam;

vamos jogar as cartas na mesa,

de que adianta realinhar as sílabas

e os astros se toda vez que te tenho

perco a dimensão do espaço?

sentado à mesa

mais um malrboro

observo a dama com um ''q''

de queixo caído,

entre suas coxas e seus cachos,

entre às cartas e o cigarro,

entre meus olhos e seus traços,

lá se vai mais um maço.

Gabriel Vinicius Alves dos Santos
Enviado por Gabriel Vinicius Alves dos Santos em 07/05/2020
Reeditado em 04/04/2022
Código do texto: T6939797
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