CARTAS
mais um marlboro.
sentado à mesa
observo a dama
com um "q" de copas & copos
suas coxas, seus cachos
/eu estava aos seus pés
a um passo de sua boca/
mas aquela baiana me tinha à mão
me chamava de "meu rei";
ah se eu contasse aos céus
ou aos jornais impressos no papel
sobre esse jogo sujo onde a porta
tranca*
as pernas se trocam
os troncos se encontram
e as bocas se tocam
nessa colisão entre palavras &
planeta, meus olhos cometa
percorrem seu corpo celeste;
vamos à marte
cruzar nossos gametas
quero amar-te
até que a morte nos
derrote, nos derreta
& nos mate.
seremos notícia nas gazetas.
vou contar ao mundo que
só há paz na guerra
quando seu vestido cai por terra;
e não queira saber o que diria Ares
sobre as roupas pelos ares
ou o que diria Apolo
sobre o apelo à pele
que abre os póros
arrepia os pelos e
ata os pólos.
mesmo que metesse os pés
pelas mãos
plantaria bananeira
faria das naves aves
das nuvens chão
pois sei que as almas se apartam
quando os corações se apertam;
vamos jogar as cartas na mesa,
de que adianta realinhar as sílabas
e os astros se toda vez que te tenho
perco a dimensão do espaço?
sentado à mesa
mais um malrboro
observo a dama com um ''q''
de queixo caído,
entre suas coxas e seus cachos,
entre às cartas e o cigarro,
entre meus olhos e seus traços,
lá se vai mais um maço.