Acaso






Sempre aconteço em suas voltas,
sempre em coisas que desconheço.
Aconteço sempre de repente,
de repente mesmo, sempre aconteço.
São momentos quase feitos,
criados, repousados pelas ânsias,
pelas esquinas que ficaram,
nas portas fechadas
das lojas sem fachadas
que encobriram o primeiro beijo,
qual fosse um pecado,
talvez um recado,
lá do fundo, bem de dentro,
dizendo que para sempre,
a todo momento
pelas esquinas, o reencontro.
Acontece que sempre aconteço
em suas vindas,
são coisas que finjo, desconheço.
Mas, tenho pela boca ainda,
o primeiro beijo,
aquele desejo,
o mesmo pecado
que desabrocha em seu retorno,
quando acontecem coisas,
onde sempre, sempre aconteço,
onde acontece um grande amor
que finjo que desconheço.