Credulidade






Me solto pelas folhas,
envolto pelas noites.
Passeio pela madrugada,
mas já sem seus olhos azuis
que me cercavam pelas ruas
vazias, despidas, nuas,
feitas para nossos banhos de amor
pelos lagos azuis
que molhavam meu peito
ríspido, sem jeito,
respirou,
suspirou
seu sorriso cativo
enquanto se dormia,
se sonhava nos madrigais
que o tempo carregou
pelo mesmo caminho que outros foram,
sem voltas, nem reencontros.
Doces olhos azuis
que me fizeram gente,
pela boca beijada,
pelos braços em contorno
nas silhuetas, hoje imaginárias,
que perambulam como eu
pelas folhas das madrugadas
sem noites, nem princípios.