Namorada do tempo


A espera vã, aquela que não vem,
acorda o mundo mais uma manhã,
reluz a dor ao brilho do sol,
escurece a alma ao brilho também.
Cala a boca
ao sonho que passa,
na hora que avança,
seguros na trança
da menina que se espaça,
afasta da vida,
foge da sorte,
clama a morte...
Mais um dia que se transforma
pelas nuanças das cores;
faz-se o crepúsculo.
De tudo, um fim...
também um princípio
feito de noite, de saudade
em restos, metades
que partem,
compartilham camas,
jogos de amor,
de desamor.
Divide-se o tempo,
transas, tramas,
tranças, espalham-se
cabelos,
apelos...
De mãos seguras,
enlaçadas pelo simples ato de viver
na simplicidade do amor,
que se faz extinto,
rompendo-se; também já é manhã,
outra vez o raio de luz
para ser devorado lentamente
nas mãos das horas,
onde vou tentar acompanhá-las
talvez... Mais uma vez.