Existir


Será a morte ou minha sorte?
A dor não tem nome, nem fatos.
Ser belo é superficial e brilhante,
ela é bela na saudade que brilha.
Sem nome e relatos é a angústia
no fim da tarde,
pelo ocaso da existência;
por acaso reli este verso
também sem nome.
Será sorte ou morte?
Eis que possuo o dom de curtir o couro,
fazendo meu corpo d’ouro
no sol da saudade.
Já não falo mais de antes,
sem sorte, esquecimento,
sem nome, alguns fatos.
Só grito pelo hoje;
só a morte concebe o presente
nas estâncias e viveiros,
vivendas sem nome, que pouco interessa.
Pela sorte, pela morte
sem passado, só presente;
do futuro, de repente,
apenas uma fumaça negra.
E sem nome, sem rótulos
observo atentamente a distância,
o vago entre a vida e a morte,
tão pequena, onde só se concebe a sorte.
Sorte sem nome, nem fatos,
apenas sorte.