Hás de ler




Um dia tentarás fazer o caminho de volta
rebuscando tudo que é teu.
Todo o amor e saudade,
que esquecidos, ficaram à margem.
Talvez aquela imagem
dileta, já tenha ido,
sem saber para onde, nem com quem,
apenas se foi;
foi como tudo vai e passa,
como as águas, as lágrimas
que rolam hoje,
como os gritos, os apelos que sobem ao espaço,
riscam o céu, é um pequeno traço
de tudo que aos lampejos
fala dos desejos,
da saudade que brilha no meu tempo nublado.
São cruas, duras as insinuações,
as causas que fazem do lar,
a morada à margem,
sem esperas, sem razões.
E pensar que um dia tentarás
fazer o caminho riscado pelos seus pés,
na busca pela palavra...
já emudecida pelo tempo,
como estás hoje para mim,
sem que haja um caminho,
um risco para retornos,
apenas a certeza que fiquei
por obra e graças das próprias mãos.
Transcritas em meus poemas.