AUSÊNCIA
por Regilene Rodrigues Neves
Queria um tempo no teu tempo
Achegar-me ao teu coração
Saber como me quer e se me quer
Poder tirar do teu ombro o cansaço do trabalho
Sorrir de coisas desconexas,
Comer pipocas juntinhos
Trocar carinhos...Fazer amor quando o corpo pedir...
Agradar a alma em simplesmente gestos de ternura!
Sorrir por estar feliz de estar ao teu lado,
Mas aqui tudo é tão triste e vazio...
Quero tocá-lo...Senti-lo...Abraçar teu corpo...
Perder-me por alguns momentos em teus carinhos...
Não sei porque a vida
Dá-me tudo em forma de luta
Tantas vezes pelo caminho da dor
Hoje já tenho medo da felicidade
Parece que tudo vai se perder a qualquer momento!
E mais uma vez estarei só diante da luta
É difícil lutar sozinha por tanto tempo
Mesmo quando se está com alguém
Ter que se deparar com a maldade
Que a humanidade lhe grita no dia a dia da vida
E estar só para defender-se
Quando se quer o bem sem olhar a quem
E ser mau entendido!
O ser humano ás vezes perde o sentido da palavra “humano”
Perde a dignidade, o caráter e seus valores...
Atropela os próprios sentimentos
E depois cobra
No dedo que aponta!
Escraviza-se no direito a liberdade
Corrompe a própria alma
Cega sede aos seus próprios propósitos
E depois acha-se de ser mais e melhor!
Mas no meio desse holocausto que é a vida
Queria você, pra sentir o amor,
Para acreditar que nem tudo está perdido
E que antes da minha morte
A minha sorte chegará!
Amar sem nada exigir
Foi o que a vida me ensinou
Porque meu maior luxo ficou esquecido
Num cantinho da alma
Regado apenas por esta mulher
Tão esquecida do amor
Fez-se amor demais
Fez-se dor!
Perdeu-se tanto que perder
Passou a ser normal
E querer um ato de fé
Fé que se expõe e torna-se alimento aos inimigos
Inimigos do amor e da alma!
Estou exposta
Ainda não perdi a essência
Não aceito me corromper
O amor pra mim está além vidas
Sem ele não estaria aqui
Pra dizer que te amo
E acreditar que também possa me amar!
Em 15 de setembro de 2003