Como pode?

Como pode existir perfeição tão perfeita?

Como pode a natureza criar tão belo ser?

Como pode o Amor nos presentear com a dor?

Não sei se parece confuso,

Nem sei ao certo porquê falo.

Já faz tempo que não durmo.

Com você nada é claro.

Se pudesse, caminharia como um louco Em seus verdes pastos,

Faria de ti meu sonho bucólico

E não te deixaria de lado, nunca.

Você nunca me beijaria,

Porque beijos são uma forma de despedida;

Você também não me amaria,

Porque você não sabe o que é amar.

Eu daria comida aos pobres

E comeria a migalha deles,

Porque ao amado falta amor

E ao amante basta amar.

Mesmo que tudo fosse em vão;

Ainda que a vida fosse um vão,

Eu não deixaria de te amar

E a mim só faltaria compaixão.

E se eu morresse amanhã,

Como Álvares de Azevedo,

Não falaria em nenhuma irmã,

Também não morreria de medo.

Somente morreria

Para falarem que foi cedo.

De mais um romancista,

Pedro Lino.