Palavreado de Cordel
Tô que afrontado se eu não palavrear do sertão,
O sertão é igual a homem sem anjo de guarda mede o medo,
Nas entranças, nas palmas do buriti degolado de seca.
Pra piorar tudo, tem a muriçoca que faz pasto nas costas.
Eita gente ensolarada de quentura, e fome esfarinhada.
Onde arranjar jeito de fazer poema é somente no sofrimento,
Na bexiga da peste, da seca, em que até a sombra da gente se esconde atrás do corpo empoeirado de tristeza.
La pras noites onde o frio se aboleta devagar nas galhas fantasmas,
Procuro azeitar os olhos na negritude da esperança que nunca vem.
De vez bato as pestanas
Para ludibriar a seca cavernosa de longos séculos AMÉM.
Raí nonato