Proximidade
Coisas que nos aproximam,
nos ligam cada vez mais
pela distância que cresce dia a dia.
Coisas que inflamam interiores,
além da saudade que buscamos
nos cântaros de águas cristalinas.
São crenças, fé, risos, meninas
que passeiam em nossas almas,
pelos ramos, buquês de palmas
que enfeitam as ausências.
Coisas que nos ligam,
afetam as causas, que as mãos
em abandono, procuram outras;
certos afagos sem razões,
que machucam feridas abertas.
Causas que nos falam
os ilusórios sentidos
em cada um, pelo outro.
Prendem coisas que nos prendem,
são rendidas pela fração do tempo
que venceu tudo,
mas perdeu
suas causas, sem ceder
os direitos das coisas que nos ligam,
que sempre hão de rodear,
ladear
sequer cada passo dado,
sem se importar
com o tempo, a distância,
nesta ausência de tantas coisas
que nos aproximam mais e mais.