Silenciosamente






Sua voz, minha voz,
cala o silêncio,
fala o beijo,
calafrio, fala fundo.
Cada passo,
cadafalso, me condena,
me resgata, me prende,
ao beijo se rende;
primeira volúpia,
última passagem sem volta.
Minha boca cala,
o silêncio escala
um imenso nada que passa,
tropeça lento nas coisas que ficaram,
sempre hão de ficar
repousadas no dorso da saudade,
que sua voz calou
no rosto que rolou,
transou... E bateu,
marcando o meu.
Cada rumo se fez perene, sombrio,
cada qual, cadafalso, calafrio,
cada peça veste o ato
no silêncio da história,
no movimento das mãos,
à procura pelo passado sem presente,
sem vida, nem motivos,
apenas um anel dourado no céu,
no fim de tarde,
cala o silêncio, mata a saudade
nas asas que o tempo leva,
gravando mais um poema no papel.