Febre de amor




Minhas mãos tremem
sob seu olhar sorriso,
no paraíso,
no fundo do seu retrato,
na gravura, na parede,
na teia que contorna a rede,
na prisão que faz fome,
na dor que mata,
que vem de longe,
que voa de asas abertas
nas noites tão incertas,
que sono se vai pelo relógio que pára,
na madrugada, que cala
a lágrima que morre na boca,
na palavra que fica no ar
emoldurando seu rosto que sorri.
Mas, minha mão treme
quando deslizo em papel
e acabo em seu corpo,
geograficamente desconhecido,
dividido pelas tentações e medo,
que acabam mesmo pelo papel,
também temido pela minha mão
que quer seu sorriso,
sua pousada em qualquer ponto,
um breve reencontro,
para calar para sempre o tremor,
naquele, naquele sonho que fiz acordado,
para depois sim, morrer
para um grande amor.