“RECORTE DE (EM) VOCÊ, OU FOTOGRAFIA”
Nossa!!! Amei este seu decote,
De você, explícito recorte.
Nele percebo,
Uma promessa,
Um desejo,
Um onírico devaneio.
Há algo na vala, cava,
Que me embevece,
Que me leva,
Que me tira daqui,
Que me faz levitar,
Quimera.
Do que assisto,
Fito fantasia, essência,
Depreendo, metáfora subjacente,
Implícita, velada, latente.
É feito navegar por mares,
Mares nunca dantes velejados.
Este recorte, (decote),
Faz-me desejar o escondido,
O que não se mostra, oculto, infinito.
A imaginar então vagueio,
E além voos alçando,
Ascendo-me, sonhando.
Qual o volume nestas esferas contido?
E o quanto deles sobraria em minhas mãos?
Arquimedes, Euclides,
Hipócrates e Pitágoras,
O que me escaparia por entre os dedos?
Respondam a mim, matemáticos gregos.
E se de sentido transmutasse,
Sinestésico o meu desejo,
Tato em paladar?
Ponho-me a imaginar.
Haveria em mim boca suficiente,
Ou boca iria me faltar?
Não sei o que atrai mais,
Se a parte explícita, mostrável,
Ou a que a transparência expõe, escondendo.
Qual o tamanho, forma, cor e a textura,
Este recorte/decote,
É crônica, prosa poética.
Ou seria “mal do século”,
Onde o infinito jaz inerte, caído a seus pés.
Quem sabe, Metáfora,
Um globo, mundo azul,
Reciclando pensamentos,
Ecos reverberando, indefinidamente.
Porém, a beleza da uberdade fecunda,
Que alimenta o corpo, (pão), que sacia o ser, (prazer),
Nem de longe se compara,
Ao que dele (seio) se aproxima, (coração),
Tão próximo, tão perto,
Tão ali, simbiótico.
E estas metades que se complementam,
Nutrem-se desse maná,
Que te formam e traduzem,
Travestidos de néctar e alacridade,
Pulso que pulsa, acima do pulso,
No braço, incontido abraço.
Entretanto, o que será mais importante:
O que se mostra, o que se esconde,
À esquerda, à direita?
Os sentidos que fertilizam,
Que à vida gritam: eis – me aqui?
Uma foto, fugaz recorte, todavia, eivada de reminiscências.
Embora eu veja prazer e sensualidade em seu (io) direito,
Não me passa despercebido,
O que a esquerda desnuda, retendo.
Porém, o que mais salta aos olhos:
O que se quer mostrar, explicitar;
Ou o que se teima em esconder, mascarar?
Filosofando à lá Grécia antiga:
A perfeição se insinua,
Não somente na retórica que degraus testemunham,
Ou tampouco em selecionados pergaminhos,
Contudo, ganham vida nos gestos,
Que explicitam os anseios do coração.
E esta imagem se materializa,
Amalgamando, complementando,
Numa paisagem (des) pretensiosa,
Um detalhe,
Ora explícita, às vezes implícita,
Contudo, indeléveis, fixam imanência.
PauloPeterPoeta
Paulo Bonfim Campos
13 / ABRIL / 2018