Diário
Mal sabia a menina moça
Que contava ao diário quentes segredos
Que nas páginas não caberiam
Mais tarde os seus gélidos medos
Guardou o diário em um pequeno baú
E com ele a menina pra trás ficou
Seguiu o caminho, um dia por um
Viveu, sofreu, perdeu, arriscou
Mal sabia a menina mulher
Que o diário nunca a abandonou
Mesmo não havendo uma folha sequer
No estranho rumo que a vida tomou
Quantos segredos caberia
Nas olheiras que ela carrega?
Quantos medos a sustentaria
Nas madrugadas a fio desperta?
Ah, doce menina moça,
Que se tornou menina mulher
Carregas nos olhos, ombros e bolsa,
Bravura, coragem -o que quiser.