Causas e coisas
Se tu te elevas, enlevas, decantas, então o que fazes quando vês meu interior despovoado, esquecido pela sorte, perdido, magoado, sombrio, aguardando, apenas, a morte?
Tu te fascinas, espreitas, me olhas, aguardas, deleitas.
Eu te ignoro, te troco pelas sombras, pelo vazio, pelas descobertas acobertado pelos distúrbios vindos das entranhas, dos subúrbios dos confins do interior onde bate esta máquina que revoluciona minhas emoções.
Sou causa das tuas causas, és motivo dos meus motivos.
Sou objeto dos teus pertences, fui chuva de verão que passou tão breve, sem abalar tuas construções emocionais.
És, e nunca deixarás de ser jamais, a causa das minhas coisas, e as coisas que fizeram as causas finais.