Inverno
 
Naquele instante tão cedo, surgistes em meio ao cansaço daqueles que bailavam sem medo, pelo amanhã, vindouro mistério.
Mas, em meio a tantas fisionomias inquietas, pousastes com ternura, os olhos em mim, deixando-me invadido, perturbado, sem saber, que viestes derramando pureza; alegria, bondade e bem querer.
Lá fora, inda, a geada fria!
Aqui dentro o calor desesperado, sob o sabor da malícia, o tempero do pecado.
Então me fiz, portanto dos teus ideais, transpus as paredes e me fiz sob a geada, entregue aos pedaços de ramos ressecados, voltando-me as orgias... que nunca mais!
Fizestes poemas com sorrisos e rosários com beijos, entregastes ao pudor da paixão oculta, fostes absoluta ao amor pertencido, fui latente, terno, humilde e vendo, preso ao frio da geada; imensamente aquecido pelo seio da mulher amada.