Do moribundo que sou
Quantos sorrisos o teu olhar recebeu?
De quantos precisos ainda te digo eu?
Veja, meu bem, lá fora ninguém mais anda
E eu caminho com os olhos baixos
Fruto da espera que se perdeu.
Mordo os lábios ao lembrar
que ainda ontem ao teu lado
Eu devia estar.
Quantos sonhos já te vi passar
E ao acordar
simplesmente não lembrar.
Não escuto a sonora letra
Que a poesia nos deu
Pareço um pobre moribundo
Um Hans Castorp na esfera que se perdeu
E mais um ano já serão sete,
Mas vivo na planície
e conto até os avanços dos segundos
No relógio que te dei.
Não discuto mais a doença que carrego
Nessa Montanha Mágica que não nego
Enxergo tua presença mais do que a minha
Espero mais um dia a cura da minha impaciência.