Reza da cela

Vejo o balanço das folhas no espelho;

Árvores verdes

Fincam a terra do Barro Vermelho.

Entre paredes

Sonho os teus olhos e abraços:

Toco os teus traços

Nestes meus versos que lambem teu rosto,

Ah, meu carinho disposto,

Por esta pele, esta vida, teu gosto,

Doce melaço...

Mas meu amor, tu não vês, tu não sabes,

Que eu te venero,

Todo de amores da cela, das grades,

Deste castelo

Rude, distante e sem cor:

“Deus, meu senhor,

Peço-te, tragas a chave, a abertura

Desta angustiante fortuna;

Ouças a prece da busca futura,

Reza do amor...

Vejo estes olhos da cor da esperança,

Olhos de mares!

Quero pra sempre ser visto na dança,

Destes olhares!

Mas tu precisas trazê-la

Como uma estrela

Que abre um caminho de luz, uma vida,

Fecha e cura a ferida

Deste negrume que a cela me priva

Por eu não vê-la...”

Pinguinho Neto
Enviado por Pinguinho Neto em 14/04/2020
Código do texto: T6917152
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