Á você




Rasuro a poesia, menosprezo os poetas,
quanto tento humilhar o mundo
com meus poemas
contorcidos pela mágoa,
perdidos pelos caminhos escuros
pelos labirintos da gramática.
Irreverentes pelas agruras,
nascidos na incúria
sob a fúria,
o peso do desamor.
São traços que rabisco
na malfadada existência,
onde a impertinência
de ser alguém,
não me levou além
de um grato rabiscador de papéis,
manchando a poesia,
denegrindo os poetas
e tentando crucificar a vida
pelos meus erros.
Hoje sei que sou saudade,
olhos passeiam pelas pautas
e tremem ao sabor do que foi escrito,
dito,
narrado pela paixão
que veio do céu, daquela estrela
que brilha e entra pela minha janela,
me convida, me suscita a ir embora
sem que eu saiba o por quê,
talvez para que eu cale para sempre
tanto impropério junto
legado a quem ler,
mas, exclusivamente feitos à você.