Descaso






Hoje e não ontem
tumultua a vida
mas, poderia ter sido amanhã,
só que foi hoje.
Fiz pausas entre palavras,
trafeguei entre carros
pedalando cavalos de ferro
que me grilavam.
Fiz das caixas dos mercados
biscoitos apetitosos,
apertei-os tentando quebrá-los.
Coloquei sorrisos nas bocas
e beijos nas mãos dos vidros,
manchei sua vidraça
já embaçada pelo meu beijo
e cobri seu retrato pelo tempo.
Maculei o mundo com falsa,
hipócrita teoria de vida.
Por mais uma vez fui fantasma
inexistente em tudo feito;
mas extremamente coerente
com o desalento, com o desfeito.