Abraço
Um dia Jota disse
Que era o melhor lugar do mundo
Definiu em uma frase
Que se lê em segundo.
E quem sou eu pra discordar
Do que define o bravo poeta?
Eu só consigo venerar
Com minha rima, assim discreta.
Que o abraço que era abstrato
Na poesia, virou lugar
Substantivo agora concreto
Do doce verbo, o abraçar.
Abraço é droga legalizada
Com um poder de cura potente
Desde saudade acumulada
Até a alma carente.
É acalento, é aconchego
É berço e cobertor quente
É cafuné no corpo inteiro
É laço de pele ardente.
É quando os braços se beijam
É quando o corpo se afaga
É quando o suspiro deseja
A respiração que embriaga.
O abraço, ah abraço!
Um "lugar" sem preconceito
Cabe a mãe, pai, filho
Amigo, colega, qualquer sujeito
Que se sujeite
A se silenciar
No breve momento
Chamado abraçar
O abraço se conjuga
Enquanto verbo, pede ação
É acolhida mas também é fuga
A depender da conotação.
Mas o que não se discute
É que o abraço é cura
Se bem apertado
Sem contra-indicação.
Por hora, suspenso
Mas logo, eu penso
Volta a ser consenso
E não ostentação!